Acupuntura do Ponto de Vista Ocidental

4/1/20242 min ler

Nas últimas duas décadas, vêm aumentando exponencialmente os estudos com acupuntura, muitos deles, com objetivo de identificar e esclarecer os mecanismos de ação da mesma.

As evidências apontam que a analgesia da acupuntura envolve múltiplos processos em diferentes níveis do sistema nervoso.

A acupuntura pode estimular receptores ou causar a descarga regular de fibras nervosas, levando à ativação do sistema nervoso periférico e central, resultando na liberação de uma variedade de neurotransmissores (como o glutamato e a substância P).

A eficácia da acupuntura inicia no efeito que a inserção da agulha provoca nos acupontos, ativando os nervos periféricos, gerando, assim, efeitos neuromoduladores secundários, tanto a nível periférico, quando a nível do sistema nervoso central (SNC), levando, também, a ativação dos sistemas nervoso autonômico, imunológico e endócrino.

A inserção da agulha de acupuntura estimula as fibras aferentes primárias Aδ e C, sendo a sensação de “de qi” atingida quando do agulhamento dos pontos eficazes, suscitam, no paciente, uma sensação subjetiva de calor e, também, pode ocorrer coloração avermelhada na pele nestes locais, ficando claro que estas sensações são decorrentes de um reflexo axônico desencadeado pela estimulação das fibras Aδ e C; a ausência destes fenômenos indica que a agulha não alcançou as fibras nervosas e, portanto, não foi inserida de maneira eficaz.

A acupuntura produz analgesia através de mecanismo segmentar, onde age através de um circuito que envolve as células pedunculadas inibitórias encafalinérgicas na parte externa da Lâmina II (substância gelatinosa), as quais estão diretamente conectadas as fibras aferentes primárias Aδ. As fibras Aδ estimulam as células pedunculares e, estas, liberam encefalina, a qual, inibe a transmissão do estímulo doloroso, pois interrompe o trajeto da dor das fibras C para as células de Ampla Variação Dinâmica (AVD).

Atua, também, através do mecanismo heterossegmentar onde age de duas maneiras: tanto por ação neuro-humoral generalizada que envolve a liberação de β-endorfina livre e de metencefalina, como também, por meio de mecanismos neuronais descendentes, serotoninérgico e noradrenérgico.

Ainda, há um terceiro sistema descendente que pode estar envolvido no manejo da dor, em menor proporção, o sistema de Controles Inibitórios Difusos por Agentes Nocivos (DNIC), no qual as células do subnúcleo reticular dorsal são influenciadas por estímulos de alta intensidade vindos tanto de pontos de acupuntura como de pontos não considerados de acupuntura a realizarem inibição generalizada.

O envolvimento das fibras Aδ e fibras C na sensação de “de qi” foi estudado e demonstrado por Hui, et al. Outro exemplo do envolvimento neurológico, foi estudado por Dundee, et al., o qual constatou que o bloqueio anestésico do nervo mediano, aboliu o efeito anti-emético do ponto PC-6 (Neiguan). Estes dois estudos, assim como inúmeros outros, corroboram com a teoria de que o mecanismo de ação da acupuntura tem base neurológica.